sábado, 28 de agosto de 2010

Aquietar





De repente, se vai ao pensar do sol nascente
Tão quente, tão quente, e logo cai.
Não mais demorado, se encontra ao lado
O véu que lhe esconde.
Aonde, aonde?
Igual a criança... Sem brinquedo, intolerância.
Birra azeda, senta no chão.
Adormeceu.

Toca o vento, bagunça cabelo, moça sem zêlo.
Chuta a pedra, pisa na rua.
Mal vestida, tão nua.
E vai.
Tic- tac da buzina,
Fom- fom das horas,
Está atrasada, e sai.

De repente, emudece. O corpo perece.
Aonde vai?
Fica sentada, conversa com o nada.
Não sabe voltar.
As mãos tão sozinhas, cadê o caminho?
Parou de sonhar.
Adormeceu.

Marina Ats

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Liberdade?



Em uma era onde nosso mundo vive o apogeu da liberdade, é inaceitável que existam questões ainda não alcançadas por este feito. Uma delas, é a prisão que a própria sociedade impõe ao cidadão que, por sua vez, já tenha transgredido as leis. A este, costuma-se ter olhar duro e conceito único: “Quem fez uma vez, faz duas.”
Tal idéia, reflete a ironia entre liberto e recluso. Aquele que julga um ex-presidiário vangloriando-se de caráter superficialmente limpo, aliena-se ao preconceito contra quem, mesmo após ter conquistado a liberdade de volta sente-se ainda preso dentro da falta de opção que lhe espera ao lado de fora do confinamento judicial. Assim, corre a barbárie que ano após ano vem tornando-se mais abrangente e preocupante.
Prova disso, são os índices de mortalidade, de pessoas sem moradia, desemprego, fome, cadeias superlotadas, celas abarrotadas de vidas entregues a condições lastimáveis de sobrevivência (quem dira à regeneração?), que vem ganhando números de forma alarmante com o passar do tempo.
Ao voltar ao convívio social, o ex-detento não tem ajuda para se reintegrar totalmente à sociade. Emprego para ele é algo quase impossível. Afinal, qual empregador está aberto para contratar os serviços de alguém com manchas em seus antecedentes criminais? Sendo assim, o ex-detento não vê outro caminho, exceto o do crime para percorrer. E o destino final, geralmente é voltar para o confinamento, quando não, a morte é quem lhe abre as portas.
Essa é a realidade que temos em um país que ergue a bandeira do progresso e compõe um mundo ainda carente de melhorias fundamentais para que seus princípios não caiam, de vez, na completa ironia e nos resulte o caos absoluto.


Marina Ats

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Problema Meu



Todas as noites você vai me mandar embora
E eu vou sem relutar, sem insistir
Ou perguntar.
Te querendo ou não, sei que isso é problema meu.
Sei também que não sei como isso aconteceu.
Não era pra eu gostar de você.
Pessoa errada, vida fechada.
Sem você por perto, meu sorriso é fachada.
Era pra gente ser feliz, sair daqui,
Tudo ser aceito.
Mas o ponteiro gira, o sonho vai, a realidade volta.
Nem tudo é perfeito.
Então, boa noite mais uma vez.
Isso me satisfaz.
Se cuide amanhã,
já estou indo embora deixando sua vida em paz.
Te querendo ou não, isso é problema meu.

Marina Ats