
Em uma era onde nosso mundo vive o apogeu da liberdade, é inaceitável que existam questões ainda não alcançadas por este feito. Uma delas, é a prisão que a própria sociedade impõe ao cidadão que, por sua vez, já tenha transgredido as leis. A este, costuma-se ter olhar duro e conceito único: “Quem fez uma vez, faz duas.”
Tal idéia, reflete a ironia entre liberto e recluso. Aquele que julga um ex-presidiário vangloriando-se de caráter superficialmente limpo, aliena-se ao preconceito contra quem, mesmo após ter conquistado a liberdade de volta sente-se ainda preso dentro da falta de opção que lhe espera ao lado de fora do confinamento judicial. Assim, corre a barbárie que ano após ano vem tornando-se mais abrangente e preocupante.
Prova disso, são os índices de mortalidade, de pessoas sem moradia, desemprego, fome, cadeias superlotadas, celas abarrotadas de vidas entregues a condições lastimáveis de sobrevivência (quem dira à regeneração?), que vem ganhando números de forma alarmante com o passar do tempo.
Ao voltar ao convívio social, o ex-detento não tem ajuda para se reintegrar totalmente à sociade. Emprego para ele é algo quase impossível. Afinal, qual empregador está aberto para contratar os serviços de alguém com manchas em seus antecedentes criminais? Sendo assim, o ex-detento não vê outro caminho, exceto o do crime para percorrer. E o destino final, geralmente é voltar para o confinamento, quando não, a morte é quem lhe abre as portas.
Essa é a realidade que temos em um país que ergue a bandeira do progresso e compõe um mundo ainda carente de melhorias fundamentais para que seus princípios não caiam, de vez, na completa ironia e nos resulte o caos absoluto.
Marina Ats